sábado, 1 de novembro de 2014

Megaípe na Pintura

Por James Davidson


Nenhuma casa de engenho causou na história tantas polêmicas e tantas discussões como a casa-grade do Engenho Megaípe. Localizada no município do Jaboatão dos Guararapes, próximo ao Povoado de Muribeca, nenhuma casa de engenho foi tão comentada, tão idealizada e tão celebrizada como aquela casa de engenho. Tida como o mais antigo representante do período colonial a ter sobrevivido aos tempos modernos, Megaípe tornou-se mais conhecida mesmo a partir de sua destruição, ocorrida no ano de 1928. Tudo porque o seu proprietário, temendo a realização de um pioneiro processo de tombamento a ser realizado no estado, decidiu por abaixo aquela que poderia ser talvez a maior relíquia sobrevivente do período colonial de Pernambuco.


A destruição de Megaípe causou grande impacto entre os intelectuais de sua época. Gilberto Freyre já vinha falando sobre ela há vários anos antes de sua destruição, em matérias de jornais locais como "A Província". Em sua primeira edição de Casa-grande e Senzala lá estava Megaípe representado por uma litografia. Outros escritores e intelectuais importantes como José Mariano Filho e Júlio Bello também deixaram registradas suas opiniões sobre o edifício, notadamente após a sua destruição.


No meio artístico, a casa-grande de Megaípe também não foi esquecida. Se não foi possível preservar o prédio colonial como todos desejavam, os artistas aos menos o fizeram em suas especialidades. Assim, na poesia Manuel Bandeira e Ascenço Ferreira deixaram em versos seus pensamentos e sentimentos sobre a casa-grande. Em fotografias, Megaípe chegou  a ser registrada por Armando Oliveira, Júlio Bello, Beroaldo Mello e Ulysses Freyre. 


Na pintura e no desenho, Megaípe também não foi negligenciada. Foram vários os artistas que celebraram a memória da edificação em diversos estilos e épocas. Assim, temos os quadros do pintor Manuel Bandeira (não confundir com  o poeta, pois eram pessoas diferentes), um dos primeiros a registrar pela pintura a notável casa-grande. Outra que também pintou o edifício foi a artista Fedora do Rego Monteiro Fernandez, famosa artista do início do século XX.


Megaípe mereceu a atenção também do pintor carioca Alfredo Norfini. Seu quadro "Solar de Megaípe" aparece registrado como tendo participado de uma exposição do Museu Imperial. Também ganhou destaque nacional a representação de Megaípe realizada por José Wasth Rodrigues, em seu Documentário Arquitetônico, publicado na primeira metade do Século XX. Mais recentemente, a casa de Megaípe foi também eternizada nem quadro do pintor pernambucano Mário Nunes. Como possível perceber, talvez nenhuma casa-grande de engenho tenha recebido semelhante atenção por parte de intelectuais e de artistas, e certamente devem existir outros que passaram despercebidos. Assim, Megaípe será  para sempre lembrada através da história não somente por sua destruição, mas também por ter sido capaz de movimentar em sua época tantos intelectuais e artistas em prol de uma causa mais que qualquer outra edificação contemporânea.