quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Jaboatão Redescoberto e Coordenação de Patrimônio "redescobrem" ruínas de Megaype de Baixo e Engenho Novo da Muribeca

Por James Davidson



No último dia 18 de janeiro, o Jaboatão Redescoberto, na pessoa de James Davidson, junto com a Secretaria de Cultura, através da Coordenadora de patrimônio Idalice Laurentino, realizou uma série de pesquisas e descobertas nos engenhos da antiga Freguesia de Muribeca. O intuito era pesquisar os remanescentes de antigos engenhos que tivessem algum potencial histórico e arqueológico na região. A visita superou as expectativas e mostra que Jaboatão dos Guararapes é uma mina inesgotável de histórias e descobertas.



A visita começou no Engenho São Bartolomeu, em Comportas, onde registramos as ruínas da antiga casa-grande que foi demolida imprudentemente no ano passado. A questão ainda está em processo na justiça, mas permanece idefinida.



Seguimos em seguida para o Engenho Megaype de Cima e no caminho tivemos uma grande surpresa. Às margens da estrada, num local onde as canas tinham acabado de ser cortadas, as ruínas do antigo Engenho Megaype de Baixo emergiram na paisagem. Não desperdiçamos a oportunidade e registramos os vestígios daquela que foi considerada a mais bela e antiga casa-grande de engenho do estado de Pernambuco, merecendo ilustrar o livro de Gilberto Freyre Casa-grande e Senzala. Esta casa-grande possuía aspectos que lembram uma fortaleza e foi destruída pelo seu proprietário em 1928, quando soube que o governo queria tombar o edifício. Fato bastante semelhante com o que aconteceu com o Engenho São Bartolomeu, mostrando que quase 100 depois nosso país ainda não aprendeu a valorizar o patrimônio histórico.





Depois visitamos o Engenho Megaype de Cima. Lá ainda existe a casa-grande de engenho, muito bem preservada, que pertence ao ex-prefeito Humberto Barradas. A paisagem fica mais bonita com o açude em frente ao edifício. Também registramos a capela do engenho, em estado de ruínas, próximo ao arruado dos moradores.





Prosseguimos nossa expedição indo mais ao sul e chegamos ao Engenho Caiongo. Almoçamos num restaurante e fotografamos a casa-grande do engenho, muito modesta por sinal e bastante recente, datada da década de 1940. Este engenho também era conhecido como São José das Minas e foi desmembrado do Engenho Santo Estêvão. Diferente do que os moradores pensam, o engenho pertence ao município de Jaboatão, e não ao Cabo de Santo Agostinho.



Após seguirmos por Muribeca dos Guararapes, seguimos em direção ao Engenho Novo da Muribeca. E o melhor realmente estava guardado para o final. Depois de obtermos a autorização necessária para entrar no local, pudemos visitar um dos mais importantes patrimônios históricos do município: a casa-grande do Engenho Novo. Mas por que ela é tão importante? Porque foi nela que o Dr. Antônio de Moraes e Silva, no ano de 1802, escreveu a 2° edição do 1° Dicionário de língua portuguesa escrita no Brasil, incluindo verbetes brasileiras(palavras de origem indígena e africana), e a Epítame da Gramática Portuguesa. A casa ainda subsiste no local, apesar de estar abandonada e em ruínas. Destaca-se também pela beleza de sua arquitetura e ainda existem as ruínas da antiga fábrica do engenho, às margens do Rio Jaboatão.





Para concluir: Jaboatão dos Guararapes tem ainda muito para ser explorado e descoberto pelos seus próprios habitantes!

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Jaboatão Redescoberto e Juventude Suassuna percorrem zona rural de Moreno e Jaboatão

Por James Davidson



No último domingo, dia 16/01, o Jaboatão Redescoberto, junto com a Juventude Suassuna, fez um verdadeiro "tour" pelos engenhos de Jaboatão e Moreno. A aventura foi muito rica do ponto de vista cultural e teve vários momentos de descontração, lazer e entretenimento.



Nosso percurso começou no próprio Engenho Suassuna, de onde partimos e seguimos em direção ao Sítio Penandubinha, no Lote 56. De lá foi possível alcançar uma bela vista de todo o município a partir do cume de um monte. Inclusive as praias do litoral de Jaboatão estavam ao alcance de nossa visão.



Seguimos então por um caminho situado entre os engenhos Penanduba e Palmeiras até chegar no Engenho Pedra Lavrada. Tiramos umas fotos do engenho que foi um dos últimos de Jaboatão, pois surgiu nas últimas décadas do século XIX, mas, infelizmente, não possuía muitas relíquias históricas.



Passamos em seguida por uma nascente de um riacho que corre para o Arroio Secupema, afluente do São Salvador, já na Bacia do Rio Pirapama. Cruzamos o antigo engenho Secupeminha e partimos para o Engenho São Salvador. Lá pudemos visualizar parte da Mata do Sistema Gurjáu, reserva ecológica estadual entre o Cabo, Moreno e Jaboatão que tem como função proteger as nascentes que abastecem a Represa de Gurjaú.





De São Salvador deixamos os limites de Jaboatão e seguimos por trechos que pertencem ora ao Cabo de Santo Agostinho, ora a Moreno. Subindo pela várzea do Rio Gurjaú, chegamos ao Engenho Jacobina que pertence ao Cabo. Conversamos com moradores e fotografamos o local.







Chegamos a seguir no Engenho Gurjaú de Baixo, pertencente ao município de Moreno. Este engenho é um dos mais antigos da região, pois já existia no final do século XVI, sendo movido a água. Chegou a ser alguma vezes saqueado pelos holandeses e pertencia a Freguesia de Santo Amaro de Jaboatão. O nome Gurjaú vem do tupi e significa "Rio dos sapos".



Em Gurjaú registramos os edifícios do antigo engenho: fábrica, casa-grande, casa do administrador, etc. Conversamos com moradores que nos contavam histórias sobre o local. Visitamos a corredeira do rio Gurjaú onde, segundo Frei Jaboatão, existe uma pegada nas rochas que seria de São Tomé, segundo as lendas. Registramos uma marca parecida com um pé esquerdo na rocha, mas não sabemos se era que Frei Jaboatão se referia. Depois aproveitamos para tomar banho no rio.




Depois fomos em direção aos engenhos Mato-Grosso e Caraúna, em Moreno. Em Caraúna encontramos as antigas tachas da fábrica do engenho, em fente à casa-grande. Registramos o local que foi o primeiro engenho a vapor de Pernambuco e seguimos de volta a Jaboatão pela Morro da Macambira.





Chegamos no fim da tarde do cume da Macambira, o ponto mais alto de Jaboatão dos Guararapes. Avistamos e fotografamos a paisagem marcada pela vista sem obstáculos dos quatro horizontes, onde é possível avistar desde as colinas de Olinda até as praias do litoral cabense. Assistimos o belíssimo pôr-do-sol do local, onde encerramos o grande passeio pela zona rural de nosso município.



domingo, 9 de janeiro de 2011

A Igreja dos Prazeres nos Montes Guararapes

Por James Davidson


A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres nos Montes Guararapes é um dos mais importantes patrimônios do município de Jaboatão dos Guararapes. Situada no Parque Histórico Nacional dos Guararapes, no topo do Morro da Ferradura, pode ser vista de praticamente todo o distrito de Prazeres, sendo por isso, nos tempos coloniais, ponto de referência para os navegantes.


A Igreja foi construída após a expulsão dos holandeses do Nordeste do Brasil, em comemoração ás duas vitórias alcançadas nas Batalhas dos Guararapes ocorridas em 19 de abril de 1648 e em 19 de fevereiro de 1649. Foi o Mestre de Campo General Francisco Barreto de Menezes quem mandou erguer a igreja em cumprimento a uma promessa em caso de vitória contra os flamengos no ano de 1656.


A igreja construída no início era bem menor e mais simples que a atual. Na verdade era apenas uma capela tendo "36 palmos de cumprido e 24 de largura" como atestam os documentos. A igreja foi ao longo dos anos sofrendo várias reformas e ampliações até atingir as características atuais. A primeira ampliação ocorreu já em 1676 quando foi acrescida de uma nave maior, tendo a antiga capela se convertido na capela-mor da nova. No século XVIII, sofreu nova ampliação desta vez adquirindo o frontispício barroco, com as duas torres e obtendo sua imponência atual.



A Igreja dos Prazeres é tombada, devido ao seu valor histórico e artístico, a nível federal pelo IPHAN sendo considerada Monumento Nacional pelo decreto n° 22.175 de 03/08/1948. Também está inserida no perímetro do Parque Histórico Nacional dos Guararapes criado em 19/04/1971. É um edifício de grande significado para a história de Jaboatão e que por isso deve ser melhor conhecido e apropriado pela comunidade jaboatonense. Existem referências e autores que sempre fazem questão de ignorar o fato de que a Igreja dos Prazeres e os Montes Guararapes encontram-se em Jaboatão, fazendo crer aos leitores que o local pertence ao Recife. Por isso é preciso que a comunidade conheça melhor sua história e não permita que aquilo que é nosso seja "roubado". 


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Jaboatão dos Guararapes tomba predios históricos

Por James Davidson



Foi publicado no dia 24 de dezembro de 2010 o mais novo tombamento de prédios históricos no município.
A decisão ocorreu após a aprovação por unanimidade da proposta enviada pela Coordenadora de Patrimônio, Idalice Laurentino, ao Conselho de Cultura municipal, no dia 06/10/2010. Os bens que foram tombados, com base na lei municipal 399/2010, foram os seguintes:

- Casa de Amélia Brandão
- Engenho Suassuna (Usina Jaboatão)
- Povoado de Muribeca dos Guararapes
- Sítio Histórico Jaboatão Antigo



O texto do decreto contido no diário oficial do dia 24/12/2010 pode ser encontrado no seguinte endereço:


A medida há muito se fazia necessária pois esse bens corriam sérios riscos. A Casa de Amélia Brandão, a Tia Amélia, por exemplo, vinha sendo demolida aos poucos por seu proprietário e encontra-se em estado de ruínas sendo necessário que se faça um projeto de recuperação e utilização para que possa ser preservada. O Casarão do Engenho Suassuna também se encontra bastante deteriorado, apesar de suas paredes tricentenárias ainda estarem bem firmes, e por sua antiguidade, importância histórica e singularidade acabou sendo um dos bens escolhidos. Um projeto dever ser realizado para que os edifício possa ser restaurados e ganhem alguma utilidade social.



Dois foram os conjuntos urbanos que passaram a ser bens tombados pelo município - O Povoado de Muribeca dos Guararapes e o Sítio Histórico de Jaboatão Centro. O primeiro está sendo tombado pela FUNDARPE num processo que já se arrasta por décadas e que ainda não foi concluído. Ambos os conjuntos já eram protegidos como áreas históricas pela Legislação Urbanística Municipal, mas era preciso um tombamento mas direto e objetivo para que pudessem ser protegidos. Cabe agora à administração municipal realizar um trabalho educativo junto às comnidades envolvidas para que o tombamento não fique só no papel, ajudando a conscientizar a população sobre a importância do patrimônio ao mesmo tempo em que deve haver uma fiscalização permanente sobre os mesmos.