terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Engenho Macujé de Renê Montengro

Por James Davidson

Um vídeo muito bom mostrando o Engenho Macujé, pertencente ao Sr. Renê Montenegro, feito pela TV Jaboatão. Um lugar realmente maravilhoso que mostra o potencial que o patrimônio histórico possui quando bem cuidado e preservado. Vale a pena conferir!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Em homenagem ao mês da Consciência Negra

Por James Davidson

Em homenagem ao mês e ao dia 20 de novembro, onde comemoramos o dia da Consciência Negra, divulgo esta foto disponível para domínio público no site da FUNDAJ. Esta foto pertence à Coleção Francisco Rodrigues e foi tirada pelo fotógrafo Alberto Henschel, no século XIX. Há muitas fotos de antigos senhores e senhoras de engenhos e de suas famílias nesta coleção, inclusive de muitos que foram donos de engenhos em Jaboatão. Mas de escravos são poucas as fotografias existentes e a única foto que consegui de um escravo de nosso município foi esta. É uma fotografia de uma escrava lavadeira do antigo Engenho Guararapes, em Muribeca. Infelizmente, não foi registrado o nome da escrava, mas essa foto deve ser a única existente de um escravo em Jaboatão. Que esta imagem fique na memória para sempre de todos jaboatonenses, pois a história dos oprimidos nem sempre é registrada e valorizada, ainda mais quando se trata de cultura afro-brasileira.

domingo, 16 de outubro de 2011

O Fundador de Jaboatão

Por James Davidson


A TV Jaboatão foi uma iniciativa inédita da atual gestão que tem contribuído na divulgação de vídeos sobre nossa cidade. Contudo, não podemos deixar passar em branco o erro lamentável sobre a história de Jaboatão dos Guararapes cometido pelo historiador Leonardo Dantas neste vídeo. Não tenho jamais a pretensão de tirar o mérito do historiador e estou longe de negar seu prestígio e reconhecimento, mas temos que admitir que ele errou num detalhe que parece insignificante, mas deveras crucial - Quem fundou Jaboatão?

Segundo o historiador Pereira da Costa em seus Anais Pernambucanos - Vl 1, no ano de 1566, o então donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Colho de Albuquerque, concede a Gaspar Alves Purgas uma sesmaria de uma légua de terras situadas na Ribeira do Jaboatão. As terras foram demarcadas em 1575, e nelas levantado o Engenho São João Batista que foi vendido a Pedro Dias da Fonseca, no ano de 1584.  Pedro Dias da Fonseca vende o engenho a Bento Luís de Figueirôa e a sua esposa, D. Maria Feijó, na data de 4 de maio de 1593.

Ainda segundo palavras de Pereira da Costa: "Já em tempos de Bento Luís de Figueirôa, nos últimos anos do século XVII, começaram a afluir para as suas terras várias pessoas com o intuito de levantar casas de moradia na parte situada entre os rios Jaboatão e Una, e na confluência deste com aquele, e concedendo ele o necessário terreno para semelhante fim, a título de aforamento perpétuo, surgindo dentro de poucos anos uma aprazível povoação, que tal incremento teve, que em 1598 recebia os foros de paróquia sob o orago de Santo Amaro, de cuja igreja matriz fora ainda ele o fundador."

Ainda diz: "Eis aí a origem da bela, aprazível e atual cidade de Jaboatão..."

Já na primeira década do século XVII, Antônio de Bulhões casa com D. Maria Feijó, a filha de Bento Luís de Figueirôa, recebendo como dote nupcial o Engenho São João Batista, que passa agora a se chamar Bulhões. Vejamos então a ordem dos primeiros proprietários do Engenho Bulhões ou São João Batista:

1°- Gaspar Alves Purgas: 1566-1584
2°- Pedro Dias da Fonseca: 1584-1593
3°- Bento Luís de Figueirôa e D.Maria Feijó: 1593-1609
4°- Antônio de Bulhões: 1609-1648

A cidade de Jaboatão foi fundada em 4 de maio de 1593, na época de Bento Luís de Figueirôa. Portanto, percebemos claramente que o fundador de Jaboatão não é outro senão Bento Luís de Figueirôa, e não Antônio de Bulhões como colocou o historiador. Também foi Bento Luís de Figueirôa quem levantou a Igreja de Santo Amaro e não o seu genro. Estas mesmas informações podem ser conferidas tanto em Pereira da Costa como em outros autores que falam de Jaboatão e de Pernambuco, como Sebastião Galvão, por exemplo.

D. Maria Feijó foi a única filha de Bento Luís de Figueirôa e, como pode ser constatado nos documentos, os  filhos desta receberam o sobrenome Bulhões. Portanto, os descendentes dos fundadores de Jaboatão possuem o sobrenome Bulhões e não Figueirôa, como às veze se credita. Daí talvez a origem do erro do historiador.

Apesar de sua importância para a cidade, Bento Luís de Figueirôa não possui nada em sua homenagem neste município. É uma pena que isto aconteça com uma figura tão importante como ele foi em sua época. Porém, este não é o único e nem o primeiro caso de desprezo e falta de reconhecimento com as pessoas que fizeram a história em Jaboatão dos Guararapes.

Onde o Brasil aprendeu a Liberdade

Onde o Brasil aprendeu a liberdade




Aprendeu-se a liberdade
Combatendo em Guararapes
Entre flechas e tacapes
Facas, fuzis e canhões
Brasileiros irmanados
Sem senhores, sem senzalas
E a Senhora dos Prazeres
Transformando pedras em balas
Bom Nassau já foi embora
Fez-se a revolução
E a Festa da Pitomba
É a reconstituição.

Jangadas ao mar
Pra buscar lagosta
Pra levar pra festa
Em Jaboatão

Vamos preparar
Lindos Mamulengos
Pra comemorar
A libertação
E lá vem Maracatu
Bumba-meu-boi, vaquejada
Cantorias e fandangos
Maculelê, marujada
Cirandeiro, Cirandeiro
Sua hora é chegada
Vem cantar esta ciranda
Pois a roda está formada
Ó Cirandeiro
Cirandeiro, Cirandeiro Ó
A pedra do teu anel
Brilha mais que o sol!

Este é o samba enredo que empolgou a multidão na passarela da Avenida Rio Branco, na cidade do Rio de Janeiro, cantado em coro pelos integrantes da Escola de Samba Unidos de Vila Isabel. Composto por Martinho da Vila, em 1972, a letra é em uma linda homenagem a Festa da Pitomba, que acontece anualmente nos Montes Guararapes, em agradecimento pela vitória contra os holandeses nas duas Batalhas dos Guararapes. Martinho da Vila recebeu nesse ano o título de Cidadão Jaboatonense pela sua bela composição.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Livros sobre Jaboatão dos Guararapes

Por James Davidson

Algumas pessoas perguntam onde retiro as informações sobre Jaboatão. Felizmente, o município é bastante documentado, tendo muitos livros publicados, embora seja difícil encontrá-los. Muitos são os livros que falam sobre o município e mais ainda as referências que, abordando assuntos mais gerais, acabam referindo-se também a algum fato especifico da cidade. Mas três são os autores “clássicos” que pesquisaram e estudaram a fundo a história e a cultura de nosso município, todos hoje falecidos: Elieser Figueirôa, Orlando Breno de Araújo e Van-Hoeven Ferreira Veloso.
O mais famoso e conhecido livro sobre Jaboatão dos Guararapes é sem dúvida Jaboatão dos meus avós de Van-Hoeven Veloso (conhecido como Van-van). Publicado pela primeira vez em 1978, o livro teve mais duas outras edições, devido ao sucesso e à grande procura que causou. Apesar disso, é muito difícil encontrar exemplares deste livro à venda e outra edição seria bastante oportuna.
Van-van foi um verdadeiro fuçador da história de Jaboatão. Seu livro é o que mais reúne dados, fatos e dados referentes ao nosso município, muitos deles oriundos de documentos raros e de difícil acesso. Como era autor do Jaboatão Jornal, muitos capítulos de seu livro eram matérias publicadas anteriormente e depois reaproveitadas e atualizadas.
Jaboatão sua terra e sua gente é o livro que Orlando Breno de Araújo publicou em 1988. Também é outra raridade e teve apenas uma edição. Como o título já diz, além de pesquisar a história de Jaboatão o autor deu especial valor a terra e ao povo de Jaboatão. Destaca-se nesse livro muitos aspectos naturais do município, como o Rio Jaboatão, curiosidades e figuras folclóricas da população.
Orlando foi um verdadeiro fuçador das terras de Jaboatão. Percorreu o município de canto a canto em busca de informações. Descobriu a nascente do Rio Jaboatão, subiu o Alto da Macambira, navegou pelo rio e pelas praias jaboatonenses. Destaque para o seu relato sobre a descoberta da nascente do Rio Jaboatão, logo no início do livro, e para seu belo discurso contra o desmembramento dos distritos do município.
Já Elieser Figueirôa escreveu os livros História da imprensa de Jaboatão e O repórter por dentro e por fora. Embora os títulos pareçam limitar o assunto ao jornalismo, quem der uma olhada mais profunda verá que trazem valiosas e raras informações sobre a história do município.
História da Imprensa de Jaboatão resgata a história dos jornais que circularam nesse município, desde O Mamoeiro, do século XIX até meados de 80. Contém as melhores e principais matérias destes periódicos, o que permite uma boa visão da vida cultural de Jaboatão ao longo das décadas. Já O repórter por dentro e por fora consiste numa seleção das melhores matérias jornalísticas de Elieser Figueirôa, muitas delas sobre Jaboatão.
Todos estes autores buscaram suas informações em autores clássicos sobre Pernambuco, tais como Pereira da Costa e Sebastião Galvão. Mas o primeiro autor a escrever preocupado em resgatar a história de Jaboatão foi Samuel Campelo que, em 1919, publicou Escada e Jaboatão. Consiste num pequeno resumo sobre as características do município, mas que é uma valiosa fonte sabiamente utilizada por seus sucessores.
Um outro que se destaca sobre Jaboatão dos Guararapes é um raro livro intitulado “Bavú”. Escrito por Rômulo Brandão, não fala objetivamente sobre a história de Jaboatão, mas consiste num conjunto de pequenas crônicas sobre figuras pitorescas que viveram na cidade. Sua leitura é fácil e cativante fazendo com que qualquer leitor deseje ter vivido na década de 20.
Em 1997, como fruto do Projeto Jaboatão Passado a Limpo, a Fundação Yapoatam publicou um livro em dois volumes intitulados Jaboatão histórias, memórias e imagens. O primeiro volume fala da história de Jaboatão, desde as origens até a atualidade, enquanto o segundo foca sua atenção nos bens culturais do município. Apesar de trazer informações novas e um novo enfoque, privilegiando as lutas sociais no município, o primeiro livro peca por privilegiar muito o contexto e, por isso, não trazer tantas informações sobre Jaboatão. Já o segundo volume foi uma iniciativa pioneira na abordagem do patrimônio histórico, identificando muito dos bens culturais existentes.
Uma série de livros sobre Jaboatão foi escrita pela historiadora e presidente do Instituto Histórico de Jaboatão Adiuza Vieira Belo. Abordam temas específicos como as personalidades municipais e as praias. São eles: Praias de Jaboatão verdades e lendas, Águas do Jaboatão e outras águas, Francisca Isidora vida e poesia, Memórias Jaboatanenses, Jaboatão Brava Gente I e II e Relembrando Tia Amélia. Outros livros estão sendo feitos pela autora, afora sobre outros temas.
Em 2004, Adriano Marcena lançou Jaboatão 411 anos. Reúne os principais dados do município e é um livro bastante agradável e de fácil leitura. Foi distribuído nas escolas municipais naquele ano. Recentemente, Eulina Maciel e Tereza Francisco escreveram, cada uma delas, um livro sobre o Engenho São Bartolomeu. E foi lançado neste ano o livro História de Jaboatão dos Guararapes de Jussara Rocha Kouryh, uma obra que traz de forma didática informações gerais sobre o município. Para completar, o livro Memórias Destruídas, de minha autoria, que conta a história do Patrimônio Histórico do Jaboatão.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Riacho Suassuna

Por James Davidson


 O Riacho Suassuna é um dos principais cursos d'água que cortam o município de Jaboatão dos Guararapes. Pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio Jaboatão, é um dos seus principais afluentes, com cerca de 13 km de comprimento. Este riacho passa por alguns locais históricos do município tendo, por isso, muita história pra contar.

Serra da Macambira

O Rio ou Riacho Suassuna destaca-se por ser conhecido por várias denominações populares, como Riacho Colônia, Rio Macujé e Rio Mangaré. Algumas vezes é chamado também de Rio e Riacho Palmeiras, mas este é na verdade um de seus afluentes que vem do Engenho Palmeiras. Porém, a denominação mas antiga que encontramos nas antigas cartas de doação de sesmarias é a de Riacho Suassuna, ou então, Riacho Suassuna Macujé e, por esta razão. que escolhemos esta denominação.


A palavra Suassuna vem da língua tupi e significa "veado preto", talvez indicando a existência desse animal nessa região. Já a palavra Macujé , também de origem tupi, significa "fruto saboroso"e é o nome de uma árvore que deveria ser abundante na região (couma rigida) e hoje não mais encontrada por aqui. Ambos nomes batizaram engenhos cortados pelo mesmo rio.


O Riacho Suassuna nasce no sopé da Serra da Macambira, ponto mais alto de Jaboatão, limite com Moreno, nas terras onde outrora existia a Mata do Tundá. Em terras do Engenho Macujé, na comunidade de Pau Amarelo, surge como um tímido córrego fazendo curvas sinuosas entre os rochedos e às margens da estrada. Vai engrossando suas águas, à medida que recebe seus tributários, até ficar bastante caudaloso na altura do Engenho Macujé, onde recebe as águas do Riacho do Açude.


Mais adiante, próximo à entrada do Engenho Palmeiras, o Suassuna forma a sua primeira grande corredeira, limite entre o alto e o médio curso. Em seguida o rio segue para a Colônia dos Padres Salesianos onde recebe o seu maior afluente - o Riacho Palmeiras. Este nasce em terras do Engenho Pedra Lavrada, corta o Engenho Palmeiras, onde forma um açude e uma pequena cachoeira e, antes de desaguar no Suassuna, recebe as águas do Riacho Várzea dos Coelhos.

1° Corredeira do Suassuna





Após a Colônia Salesiana, o Riacho Suassuna corta as terras da Usina Jaboatão, antigo Engenho Suassuna. Lá, suas águas formavam um açude que era usado para mover o engenho e, depois, a própria usina. O rio também forma uma corredeira no local e, a partir deste ponto, passa a formar uma planície de inundação de relativa extensão e largura.
Cachoeira da Lagoa Azul
O Riacho segue para o chamado Lote 23, terras do antigo Engenho Santo André. Este engenho foi o primeiro a ser instalado em terras jaboatonenses e seu primeiro proprietário foi o holandês Arnau de Holanda. Sua sede ficava às margens do Riacho Suassuna e suas ruínas ainda existiam, até a década de 50 do século passado, quando foram encontradas por José Antonio Gonsalves de Mello. Ainda restam algumas ruínas desse engenho no local, mas sua denominação é desconhecida dos moradores.

 
Cachoeira do Engenho Palmeiras


Já próximo da foz, nas proximidades da Lagoa Azul, o Riacho Suassuna atravessa um trecho de rochas ígneas bastantes resistentes à erosão. Nesse trecho, o rio forma uma longa corredeira descendo vários metros em pouca distância. Forma sua última queda d'água, a cachoeira que fica ao lado da Lagoa Azul. Mais adiante, na sede do Engenho Guarany, o Suassuna encontra-se com o Rio Jaboatão finalizando assim sua longa jornada.

Foz do Riacho Suassuna
Do ponto de vista ambiental, o Riacho Suassuna é menos poluído que o Rio Jaboatão, já que boa parte de seu percurso é em zona rural. Porém, o cultivo de cana-de-açúcar em suas margens, a fertirrigação e os resíduos domésticos das novas áreas que vêm sendo ocupadas em sua bacia já comprometem a saúde do rio. Não podemos esquecer também que era no Suassuna que eram despejadas as vísceras do antigo matadouro municipal que, levadas à praia pelo Rio Jaboatão, contribuíam para os ataques de tubarão na orla.



O Riacho Suassuna é mais um elemento de destaque na nossa paisagem municipal.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Lagoa Azul

Por James Davidson


A Lagoa Azul fica localizada em terras do antigo Engenho Guarany, próxima a comunidade de Vila Piedade, bairro de Socorro. É um dos principais atrativos turísticos do município e importante pólo de lazer e esportes da região. 


A Lagoa Azul foi formada a partir de uma antiga pedreira. Como se sabe, esta área é repleta de pedreiras que utilizam as rochas para a construção civil, como a Usibrita, Polimix, etc. Há mais de 30 anos atrás, a perfuração que foi feita acabou atingindo algum lencol d'água. A água fluiu e ocupou toda a cratera, formando a Lagoa Azul. Não se sabe por que a água possui essa coloração azul-esverdeada, mas o certo é que a localidade possui uma beleza indiscutível.



O local vinha sendo usado como atrativo turístico, sendo utilizado para a prática de esportes radicais. Passou um período fechada, mas agora voltou a ser aberta para essas atividades. A lagoa é muito profunda na maior parte de sua área e era usada antigamente como cemitério clandestino de carros. Muitos já foram tirados do local, inclusive com corpos dentro, mas isto ocorreu há muitos anos atrás. É um verdadeiro cartão-postal do município atraindo inclusive estrangeiros.


Além de banho e natação, a localidade oferece também a prática de esportes radicais. Outros atrativos do entorno são a cachoeira do Riacho Suassuna, as ruínas do Engenho Santo André da Muribeca e do Engenho Guarany e lagoas menores formadas em outras pedreiras da região.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Vistas de Jaboatão Centro

Por James Davidso

Algumas vistas de Jaboatão Centro a partir dos morros que contornam a cidade:

Vista a partir do Alto do Oratório Dom Bosco
Vista a partir do Alto do Oratório Dom Bosco

Vista do Alto da Macaíba, onde fica a Torre da Embratel

Vista do Alto da Macaíba, onde fica a Torre da Embratel

Vista do Alto da Raposa

Vista do Alto da Raposa

Vista do Alto da Santa em Socorro

Vista do Alto da Santa em Socorro

Vista do Alto de Vista Alegre

Vista do Alto de Vista Alegre

Vista do Alto da Bela Vista

Vista do Alto da Bela Vista

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Nascente do Rio Jaboatão

Por James Davidson


No último dia 11/06, tive a feliz oportunidade de conhecer a nascente do Rio Jaboatão, em Vitória de Santo Antão. Através do amigo Heraldo, leitor e colaborador do blog, visitei a nascente que fica na propriedade do Sr. Manoel Ribeiro, divisa de Pacas com Arandú de Cima. Neste ponto, o Rio Jaboatão inicia sua jornada como um simples riacho de águas cristalinas que brota de uma cacimba, percorrendo em seguida cerca de 75 km, até finalmente encontrar-se com o Oceano Atlântico, como foi mostrado na matéria anterior.


Às margens da estrada existe um marco indicando o exato local. Este marco tem os seguintes dizeres: "Aqui nasce o Rio Jaboatão/Iniciativa: Instituto Histórico de Jaboatão/Apoio: Prefeitura Municipal de Jaboatão 1985". Este foi colocado pelo pesquisador do IHJ Orlando Breno, que descobruiu o exato local onde o rio nascia. Orlando Breno faleceu em 1997, mas deixou como legado a descoberta da nascente registrada em detalhes no seu livro "Jaboatão, sua terra sua gente"como um grito pela necessidade de proteger o rio.




A água da nascente do Rio Jaboatão brota de uma cacimba e de outros olhos d'água que emergem do local. O rio surge como um tímido riacho, mas ao seguir o seu caminho vai aumentando o volume de suas águas e o tamanho de seu leito, à medida que recebe a água de outros riachos. Eis os engenhos e localidades que o Rio Jaboatão atravessa até chegar no oceano - Engenhos Pacas, Pedreiras, São Francisco, Genipapo, Jaboatãozinho, Taquary, Laranjeiras, Jussara, Jaboatão, Pintos, Pereiras, Morenos - aí entra na cidade de Moreno - Catende, - deixa a cidade de Moreno - Bom dia, Caxito, Bulhões, - entra em Jaboatão - Engenho Velho, Socorro, Santana, Guarany, Recreio, Usina Muribeca, Engenho Novo da Muribeca, São Bartolomeu, Comportas, Megaype de Baixo, Pontezinha e Barra de Jangadas.



A água do Rio Jaboatão, retirada da fonte é limpa, bastante diferente da que vai ser encontrada mais adiante. Nesta região, o rio abastece as pequenas propriedades rurais que ali existem. A nascente fica localizada na encosta de uma vertente, um morro que serve de divisor de águas para três bacias hidrográficas, por onde passa a estrada. A leste, as águas correm pra a bacia do Rio Jaboatão, a sul para a sub-bacia do Riacho Arandu, bacia do Rio Pirapama, e a oeste as águas fluem para o Riacho Pacas, afluente do Rio Natuba, bacia do Tapacurá (Capibaribe).


A nascente do Rio Jaboatão fica localizada a 386 metros de altitude, quase 400 metros acima do nível do mar. Coordenadas geográficas da nascente: 8° 10' 32,25'' Lat S e 35° 11' 45,72" Long O. O local é bonito e contamos com a calorosa recepção do Sr. Salatiel, filho do proprietário, a quem agradecemos pela gentil acolhida.


A nascente do Rio Jaboatão é mais um local que precisa ser melhor conhecido e preservado, para que pelo menos em algum local da bacia ainda permaneça existindo água limpa e potável, em contraste com os demais trechos do rio.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Foz do Rio Jaboatão

Por James Davidson


A foz do Rio Jaboatão fica localizada na Praia de Barra de Jangadas, entre os municípios de Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. Depois de percorrer cerca de 75 quilômetros desde a sua nascente, em Vitória de Santo Antão, o Rio Jaboatão deságua no Oceano Atlântico, numa foz conjunta com o Rio Pirapama.


A foz do Rio Jaboatão é do tipo estuário, ou seja, encontra-se com o oceano livremente sem formar ilhas ou canais. Lembrando que a denominada Ilha dos Amores, apesar do nome, não constitui uma ilha, mas uma restinga, pois está ligada à Praia do Paiva, no município do Cabo. Por conta dos impactos ambientais das ações humanas e das dinâmicas litorâneas,  a foz do Jaboatão têm sofrido significativas alterações, como a erosão marinha em alguns trechos e o assoreamento em outros. Culpa das ações mal planejadas do ser humano na costa e também no interior da bacia hidrográfica.



Seguindo em direção sul, é sutil a diferença entre as praias marinha e  fluvial. Aos poucos, a areia vai ficando mais densa até transformar-se em lama, á medida que subimos o rio. Forma-se assim, um imenso e belo manguezal que se estende por quilômetros para o interior, até onde a influência das águas salobras e da maré podem alcançar. A água do rio é aparentemente tranquila e com pouca correnteza.



Na margem direita do rio, formada pela restinga que separa este do oceano, trechos de mangues formados por pequenas camboas que penetram na Ilha dos Amores alternam-se com os coqueiros. Já na margem esquerda é a vegetação de restinga que domina, cedendo lugar ao mangue à medida que subimos o rio, como também nas margens das camboas e do Canal Olho D'água. Neste trecho, algumas pessoas tomam banho no local, ignorando a poluição das águas do Rio Jaboatão e as fêmeas do tubarão cabeça-chata que se reproduzem no estuário.



Mais adiante, encontra-se a desembocadura do Canal Olho D'água no Rio Jaboatão. Este canal atravessa Curcuranas até encontrar-se com a Lagoa Olho D'água. Suas águas estão muito contaminadas, como atesta sua coloração esverdeada decorrente da ação de bactérias que se proliferam onde se despejam esgotos sanitários. Apesar disso, muitas crianças tomavam banho no local, bem abaixo da nova ponte construída sobre o canal. 


 


O mangue que margeia o Canal Olho D'água estende-se por quilômetros pelo interior. Porém encontra-se bastante ameaçado pela poluição e pelas atividades humanas.



Mais adiante, a polêmica ponte do Paiva. Construída recentemente pelo governo do estado, constitui uma forma de agilizar o acesso à Praia do Paiva e ao luxuoso condomínio que lá foi construído, sendo necessário para isso pagar um pedágio. A vista da ponte é linda, mas seu principal ponto negativo é que está atraindo uma forte especulação para o local que está ameaçando o frágil ecossistema da região.



Mais adiante, no meio do mangue, o resultado da poluição sofrida pelo rio ao longo de seu caminho até a foz: lixo! Muitos pedaços de isopor, copos descartáveis, plásticos, pets e outros materiais de difícil decomposição ficam acumulados nas margens e entre as raízes do mangue. Quem acredita que o lixo desaparece ao jogá-lo no rio está muito engando!


Logo em seguida, o encontro das águas local: o encontro do Rio Pirapama com o Rio Jaboatão. O primeiro vem do sul, oriundo do Cabo de Santo Agostinho, enquanto o segundo vem do oeste, marcando o limite entre os dois municípios. O local é frequentado por lanchas que visitam ambos os rios, levando turistas e visitantes ás belezas da região. Canoas e barcos de pescadores também podem ser avistados.




Próximo dali, em algum lugar ainda incerto, existiu a antiga Igreja de Santo Antônio da Barra, anterior ao período holandês. Procurei pela região e encontrei alguns possíveis locais onde ficavam, até recentemente, as ruínas dessa igreja, mas não consegui através dos moradores locais nenhuma confirmação conclusiva. Espero obter mais informações a esse respeito para saber quais dos dois locais indicados ficava a igreja.


Por fim, a região do estuário do Rio Jaboatão é um importante santuário ecológico que precisa ser preservado. Além de contar com um vasto manguezal, é um dos poucos trechos do município que preserva a antiga vegetação de restinga, outrora abundante em nossos litorais. Contudo, a especulação imobiliária da localidade, decorrente da Ponte do Paiva, já está afetando e comprometendo esses ambientes frágeis e que merecem ser mantidos para as gerações futuras.